quarta-feira, 4 de julho de 2007

Os contactos e a falta deles

Eu gosto de falar!!! Seja cara a cara, no msn ou ao telefone. Tenho aquele pequeno bichinho dentro de mim que me impede de estar calada durante muito tempo e me corrói as entranhas lentamente até conseguir abrir a boca e dizer o que me vai na alma. Foi em parte por esse motivo que me resolvi a criar este espaço, debitando para aqui o que as pessoas por vezes não têm paciência para ouvir.
E, quando falo, gosto que as pessoas me ouçam, leiam, seja o que for, com um mínimo de interesse (pronto, se calhar estou a pedir demasiado e não posso exigir que as pessoas estejam sempre desocupadas, já que eu própria também estou pelos cabelos nalgumas ocasiões).
Pronto, reconheço que muitas vezes ligo às pessoas para não lhes dizer nada em concreto, apenas para ter com quem falar durante alguns minutos e que essas pessoas têm mais do que fazer do que aturar uma gaja que só quer debitar palavras, evitando assim a corrosão interna por elas provocada caso não sejam expelidas... E sei que, nos meus contactos, há imensa gente adepta do lema "se for importante, volta a ligar". A questão que se põe é: e se for importante naquele momento? Se aquela chamada não foi apenas para debitar letras e palavras, mas sim um pedido de socorro num momento de grande corrosão? Acho que é por pensar assim que devolvo sempre as minhas chamadas não atendidas, por mais estranho que o número me pareça. Então se for de um amigo, mesmo que não tenha dinheiro para grandes conversas, um toque mostrará que já estou disponível para a troca de letras e palavras.
O mesmo se passa no msn, nos e-mails e nas sms. Uma resposta, por mais curta que seja, mostra que a outra pessoa é importante para nós (exceptuando, claro está, os benditos forwards, para os quais não tenho a menor paciência e que nunca perpetuo...).
Outra coisa bem distinta de tudo o acima descrito, é a diferenciação no tratamento com alguém como forma de marcar um determinado tipo de distanciamento, fruto de alguma nova situação que poderá até ser desconhecida para um dos intervenientes. Não sou perfeita e também já o fiz conscientemente, mas acredito que um "não me apetece falar contigo", "deixa-me em paz", "olha, tás a ficar chata", "pára de me azucrinar o juízo" tem um efeito mais eficaz e eu aprecio mais. É que se não mo disserem, nunca saberei se não falam comigo porque estão ocupados, porque não me querem aturar ou porque simplesmente não lhes apetece falar com ninguém... (e isso, parecendo que não, tira-me o sono e deixa-me em baixo)
Nos convites, a coisa segue basicamente a mesma regra. Quando convido alguém para alguma coisa e a pessoa não está interessada em aceitar qualquer que seja o tipo de convite (cinema, café, teatro, praia, chá, gelado, passeio à beira rio, bisbilhotice numa esplanada, ...) apresentando sempre uma justificação para não o aceitar, prefiro um "não me apetece sair contigo" a um "hoje não dá, mas fica para outro dia". A razão é simples: se me dão a segunda resposta, isso leva a que eu volte a convidar, e de novo receba uma nega, outra justificação diferente. Cada pessoa tem o seu número limite de recusas a convites e, apesar de o meu ser um tanto quanto elevado, chego a uma altura em que desisto e penso: "és uma merda, nem para um café serves". Acaba com a auto-estima de qualquer elefante azul!
Se calhar devia entregar este comunicado a todos os conhecidos, actuais, passados e futuros. Sobretudo aos futuros, do tipo: "olha, lê isto, eu sou assim, livra-te de não me dizeres uma dura verdade, mascarando-a com uma mentira complacente. No momento em que te fartares de mim, diz-me, não desapareças simplesmente como todos os outros..."

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