quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ainda da morte

Há uns tempos, decidi que quero ser cremada e dei-o a conhecer a quem poderá por cá estar depois de eu já não estar, para que esse desejo seja concretizado.
No entanto, há pouco tempo, apercebi-me de uma situação em que não tinha pensado: sendo cremada e colocando-se as minhas cinzas num buraco de um canteiro num qualquer cemitério, não terei o meu nome registado para a eternidade a tinta negra sobre pedra branca num qualquer canto do mundo e deixa de haver aquela noção de imortalidade que a recordação de quem já viveu lhe confere, sempre que o nome é lido por alguém.
Pois que, neste momento, continuo a achar que a cremação é a melhor opção, mas também quero a imortalidade de uma lápide. Acho que deve ser possível juntar as duas, não?

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Petróleo, a morte e a crise

A angústia persegue-me, talvez hoje mais do que ontem, talvez amanhã mais do que hoje.
Ando a ler "O Sétimo Selo" (já estou a acabar) e acho que o clima apocalíptico do livro contribui muito para isso. Começo a pensar no fim do petróleo, do mundo como o conhecemos e acho que isso me angustia. Há uns seis anos, quando ouvi falar do pico do petróleo pela primeira vez, dizia aos meus amigos que não teria filhos porque o petróleo iria acabar e não conseguiria levar as crianças à escola, mas a questão vai muito para além disso. Acho que hoje me apercebi também que sem petróleo (energia) não posso continuar a trabalhar da maneira que trabalho, no que trabalho e acho que isso ainda me angustiou mais.
Logo à tarde tenho uma missa em memória de uma amiga que partiu cedo demais, há dois anos, com tanto para viver e com tantas experiências para viver. Amanhã tenho um funeral, da minha única tia, que, a bem dizer, já não vivia, só lá estava. Não é a segunda que me incomoda, mas a recordação da primeira.
Ontem vi, num forum de vendas e trocas, alguém que vendia uma televisão por 50 euros ou trocava por fraldas tamanho 5. Hoje de manhã apercebi-me de que isso mexeu profundamente comigo. Vejo ali uma mãe que, provavelmente, foi despedida na sequência da licença de maternidade. a quem o dinheiro não chega e que vende os seus bens para comprar fraldas.
Chove lá fora e dentro de mim.