sábado, 29 de dezembro de 2007

You go your way, I'll go back to where I came from

Já aqui tinha abordado esta temática, embora com um título ligeiramente diferente, mais optimista, a apelar à total abnegação em prol do outro, da pessoa que nos complementa, ao lado de quem queremos passar todos os minutos possíveis e imaginários - chegamos mesmo a inventar pretextos para prolongar uns minutos que, por mais fugazes que possam ser, nos enchem de uma alegria imensa e de uma plenitude inigualável.
A segunda parte da frase que hoje vos coloco invoca uma realidade que já antes havia focado nesse texto a roçar o optimismo, a experança de um mundo em que a abnegação poderá conduzir à felicidade. Dizia-vos, na altura, que, quando o outro deixa de achar a nossa companhia essencial e deseja seguir em frente sozinho ou com outra companhia que, na altura, lhe parece ideal, aquele que fica para trás não sabe que caminho deve tomar. Terá, por vezes, abdicado de determinados hábitos ou rituais que talvez lhe fossem benéficos para se entregar, de corpo e alma, ao caminho que o outro segue.
E agora, que o outro deseja abdicar da companhia que o empurrou durante algum tempo, que fazemos nós? Ficamos como que suspensos no ar, sem saber qual o caminho a tomar, sem saber como travar o rio salgado que de nós emana em jorros e parece não ter fim. Ficamos como múmias em que as ligaduras servem para segurar os destroços que a granada do adeus lançou um pouco por toda a parte e que nós queremos voltar a juntar, peça por peça, mas que requer uma grande perícia e, por vezes, há algo que fica de fora.
Olhamos em frente e tudo nos traz recordações do caminho a dois, cada canto esconde uma história, cada gesto que façamos invoca um momento vivido em conjunto, um plano para o caminho que ambicionávamos percorrer.
O outro segue o seu caminho e nós que fazemos? Depois de não existir mais água salgada em nós (será que esse dia existe?) voltamos para o lugar de onde viemos, mais vazios, mais tristes, menos confiantes e terrivelmente magoados, mas, acima de tudo SOZINHOS.

1 comentário:

cris disse...

Fácil não é certamente, mas há que ter a esperança de um futuro melhor!
Força!!!!!