domingo, 10 de fevereiro de 2008

Teatro

A minha vidinha profundamente desinteressante teve, esta semana, um laivo de animação. É verdade, esta semana senti-me um verdadeiro animal social em que praticamente não parei em casa...

Lá para o fim da semana, troquei as salas de cinema pelas salas de teatro da sempre animada Lisboa e foi um vê se te avias. Aqui ficam as impressões gerais.

Berlim, na Comuna
Às quartas e quintas, os bilhetes são a cinco euros e como, ao contrário de tudo o resto, o dinheiro não estica, lá fui na quinta, que na quarta fui ao cinema.
Berlim é a encenação da peça homónima escrita por Gonçalo Tavares que retrata os encontros, desencontros e pensamentos de um homem e uma mulher que vagueiam sem grande sentido pela capital da Alemanha. Ela, mais do que uma prostituta, é alguém que precisa de sexo, ele, mais do que um cliente, é quem faz dela uma mulher, um ser humano. Sempre acompanhados pelo peso da consciência, que carregam litaralmente aos ombros, cruzam-se com pessoas que lhes despertam determinados tipos de sentimentos, entre eles a revolta por, em Berlim, existirem cada vez menos berlinenses.
Em termos dramáticos e representativos, gostei. Quanto à história em si, nem por isso.
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Peter Pan, no Tivoli
Na sexta foi a estreia em Lisboa deste musical infantil que já esteve no Porto e eu lá estive, no meio de muitos "famosos" da nossa praça.
Com o "Ai os Homens" Jorge Kapinha no papel de Capitão Gancho e uma potente voz feminina no papel do principal dos meninos perdidos, um cenário bem giro e a história que todos conhecemos, Peter Pan promete encantar o público lisboeta dos 8 aos 80.
Confesso que Peter Pan não é das minhas histórias preferidas, não mesmo. Por isso, não a conheço de trás para a frente, mas ajudem-me, por favor, existem índios na história original? E sereias? É que isso me fez uma certa confusão no meio da história que conhecia e de que me lembrava...
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A Estrela, no Politeama
No sábado à tarde lá fui ver mais um musical, desta vez encenado pelo Filipe La Féria e com base numa história de Virgílio Ferreira, de quem, infleizmente, só li A Aparição.
É a história de um menino que sonha em roubar a estrela mais bonita do céu e das consequências que isso tem para todos os habitantes da aldeia. É também uma sátira ao governo que tudo rouba, que encarna a personagem António Governo e rouba os bens dos outros habitantes. Tem como pano de fundo uma aldeia alentejana com todos os seus habitantes e actividades típicas.
Não me encheu as medidas. Não sei se os miúdos gostam. Tem uma canção pouco didáctica que enaltece o roubo. O cenário é pobre. Mas pronto, é para crianças, pode ser que elas gostem...
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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

No Vale de Elah

Mais uma vez a convite da RFM, lá estive ontem na ante-estreia de No Vale de Elah, protagonizado pelo nomeado ao Oscar de Melhor Actor Principal Tommy Lee Jones e pela sempre bela, também ela já homenageada com o Oscar, Charlize Theron. Tenho sempre imensa dificuldade em reconhecê-la, porque a imagem que guardo dela é a da personagem que representou em Monster, onde estava gorda e feia. Enfim...

Quanto ao filme em si, gostei. Gostei da história, gostei dos desempenhos, gostei da imagem sombria de uma América que ainda acredita que os seus soldados são heróis de guerra, apesar das muitas atrocidades cometidas no exterior, gostei da tristeza de um pai que, sem chorar, porque os homens não choram e muito menos os sargentos do exército, transmite todo o desgosto e inconformismo relativamente a uma situação que não entende e que pretende esclarecer para que possa, por fim, encontrar um pouco de calma e tranquilidade.

Baseado em acontecimentos reais, No Vale de Elah conta-nos a história de um pai que num dia descobre que o filho que julgava no Iraque voltou e está desaparecido, que dois dias depois descobre que o filho que julgava desaparecido foi brutalmente assassinado, desmembrado e incinerado, e que, alguns dias depois descobre que o filho que foi brutalmente assassinado não era a figura inocente que ele criara mentalmente, descobrindo, ao mesmo tempo, quem o matou. É um drama familiar mas é, ao mesmo tempo, um drama nacional, o drama de um país que manda os seus filhos para a guerra noutros países e que não os reconhece quando eles regressam.

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sedução, Conspiração

Chamem-me racista, preconceituosa, narrow-minded, básica, o que quiserem, mas tenho dificuldade em acompanhar filmes unicamente com actores orientais e falados em línguas que não entendo. Até conseguir distinguir as personagens já passou meio filme e depois ainda me falta apanhar o sentido da história...

Sedução, Conspiração insere-se nesta categoria. No intervalo (sim, porque o Alvaláxia agora tem intervalo em praticamente todas as sessões, vá-se lá entender a lógica organizacional do espaço...) já tinha percebido quem eram as personagens (depois de alguma confusão inicial) e já estava a captar alguma da história (para o que as legendas traduzidas, presumivelmente, a partir do inglês, nem sempre são a melhor ajuda). Apesar da extensão (157 minutos), é um filme que se vê bem. Não senti o arrastar de que tantas vezes me queixo (terão as cenas de sexo explícito alguma coisa a ver com esse facto?) e o facto de termos obrigatoriamente de ler as legendas deixa-nos mais presos à história, tentando captar todo o seu sentido, uma vez que, pela fala das personagens, isso nos é impossível.

Quanto à história, ela fala-nos de um grupo de nacionalistas chineses que procura defender o seu país da ocupação japonesa, ao tempo da Segunda Guerra Mundial, através de uma conspiração para matar um traidor chinês que apoia o lado japonês. Versados na arte de representar por pertencerem a um grupo de teatro universitário, criam um esquema em que a personagem principal, a tímida Menina Wong, terá de representar o papel de uma mulher casada e apetecível que seduzirá o traidor com o objectivo de matá-lo. Enredada nos meandros de uma relação marcada pela violência sexual, a personagem procura fechar o seu coração a qualquer sentimento relativamente àquele homem, mas até que ponto o consegue? É essa a questão que permanece por responder até ao final do filme e que tão bem marca o célebre cliché: "Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti".

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