quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A Outra Margem

Há filmes que não nos dizem nada, filmes que nos são indiferentes, filmes de que gostamos e filmes que nos tocam no mais íntimo do nosso ser. A Outra Margem insere-se nesta última categoria.
Em primeiro lugar, porque despertou em mim memórias da minha infância. Na vila onde a acção decorre, à semelhança do que acontece na vila onde nasci, também se cria o porco e se cultivam as hortaliças para consumo próprio. Além disso, aquele cavalo de madeira era igual a um que eu tinha e ao qual fiz questão de cortar a crina (que querem, aquilo de ter um cavalo louro complicava-me as ideias - ficou com um look muito mais sóbrio!).
Depois, há o facto de contar a história de um homossexual travesti que perde o namorado para a morte, sendo que, ele próprio, a tenta encontrar posteriormente. Mais um tema que me interessa e me levou a ver o filme.
Por fim, temos o sobrinho, o "Vasco", que é portador de trissomia 21 e tem o sonho de ser actor de teatro. Não estou muito familizarizada com esta doença, mas ultimamente tem vindo ao meu encontro de várias maneiras. A última foi através do livro "O Códex 632", onde aprendi, finalmente, as causas da doença (não que até então me tivesse dedicado ao assunto). O actor, Tomás Almeida, foi galardoado, e muito bem, na minha opinião, com o Prémio de Melhor Actor no Festival de Montréal, no Canadá, prémio partilhado com Filipe Duarte, que dá vida a Ricardo, o tio.
Há momentos em que rimos, momentos em que choramos, momentos em que nos entregamos àquela história que mexe connosco, partilhando das mesmas emoções dos actores, sentindo a alegria de viver de Vasco e a tristeza e desorientação de Ricardo, a confusão inicial da irmã, o rancor do pai, o desespero da noiva abandonada...
A Outra Margem é um filme sobre pontes. Pontes que existem, mas que, por vezes, não ousamos atravessar. Pontes que nos unem a um lado onde, por vezes, não queremos chegar por medo, preconceito, vergonha. Pontes que podem fazer a diferença num mundo com tantas margens de difícil acesso.
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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Cate Blanchett

Confesso e reconheço que não gosto desta senhora. Acho que o meu "ódio" de estimação vem do papel que lhe foi atribuído na trilogia "O Senhor dos Anéis", como a elfa Galadriel. Basicamente porque, na minha imaginação, Galadriel é uma personagem terrivelmente bela, o que, na minha opinião, não transparece com esta actriz.
Hoje, contudo, vi esta minha forte convicção abalada, depois de ter assistido a "Elizabeth - A Idade do Ouro". Pois que estou capaz de dar um Oscar de Melhor Actriz à senhora, mesmo sem passar pela fase das nomeações. Pois que me encantou a força que a actriz imprime à personagem e que já transparecera aquando do primeiro filme (que parecia ter sido apagado da minha memória, depois da grande decepção que foi enquanto Galadriel). Pois que gostei do filme e que recomendo.
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